segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Um homem quando está em paz...

não quer guerra com ninguém.
Boa noite.

Continuando o projeto, mostro mais do mesmo anônimo, do mesmo que me ajuda enquanto não consigo criar nada para este blog. PRECISO DAS FÉRIAS ESCOLARES!
Recomendo uma música em específico - Polaroids of Polar Bears.
Até logo e boa sorte.

diferente de qualquer outro dia
sentei de frente para a máquina de escrever
um copo cheio e uma garrafa pela metade
vinho escorrendo da boca ao queixo

pensei nos dias que passaram
e nas pessoas que conheci,nas pessoas que revi,
nas pessoas que encontrei,
nas pessoas que imaginei,
no resto que passou desapercebido
despercebido
e decidi não escrever

não é vergonha
vontade de esconder
o que acontece de dez às quatro
é preservar na memória
o que nenhum papel poderia abrigar
nenhuma tinta poderia representar
nem valeria a pena imaginar
para ter a ideia errada

do que valeu a pena acontecer

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Freedom wear your scars of desire

[...] Directly through the heart of St. Angeles
Boa tarde.

Continuando o projeto passado...

Cinema surdo-mudo.

E as cenas se repetem como fariam normalmente, não fosse o clima – chovia quase todo dia, embora no meu quarto não houvesse janelas. Pinto belos quadrados azuis levemente mal alinhados e borrados de branco – quanto mais lá no alto, melhor – e me engano dizendo que o tempo está bonito, mas as goteiras que escapam da infiltração no teto cismam em denunciar o tempo ruim que está fazendo. Minhas plantas morreram, não sei por que: rego-as com carinho e cuidado e deixo-as expostas ao meu sol particular, meu abajur – tão lindo, ele –, mas eis que elas morrem e não entendo – estão tão pretas, tão caídas, tão apáticas e contrastam com a luz que divide um cantinho da parede com elas. Espero por um arco-íris, mas ele não vem e eu fico só, no meu quarto, no meu mundo, na minha micro-esfera, na minha.

Às vezes esqueço-me da porta e uma visita me surpreende – minha reclusão resultou numa sombria incapacidade, talvez inabilidade de falar: algo como uma atrofia nas cordas vocais, ou um bloqueio mental, uma timidez exacerbada – e sinto-me desqualificado, um peixe fora d’água. Exceto com Ela, com quem não falo: Ela vem, invade meu mundo para me ignorar – olha através da minha janela falsa, se protege da chuva que a banheira do andar de cima e o mau estado do prédio produzem, faz de tudo para não ver o arco-íris que não está lá – e, sem motivo, continua a me ver, a me tocar quando durmo, a me observar aos sonhos que me afligem tanto quanto os pesadelos. Mas só Ela me faz bem. Só com Ela me sinto aceito, apesar d’Ela não me aceitar – com Ela, me sinto um surdo num cinema mudo e eu finalmente entendo. E as cenas se repetem como fariam normalmente, se não fosse a platéia.

Até logo e boa-sorte

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

A punishment sent from His hands...

... a hardship that no one should know.
Boa tarde.

Citando Humberto Gessinger, eu trago comigo os estragos da noite.
Em parceria com um amigo que prefere se manter anônimo, vou postar periodicamente umas poesias aqui.
Até logo e boa sorte.

Cupcakes, por favor.

Ela nunca entendeu

Meus delírios

De lírios, delícias,

Carícias trocadas em campo

Carinhos na sacada

Estragada de um edifício

É difícil não querer

Ter você

(só um momento, por favor)

Seus olhos azul-mentira

Me tiram do sério

Sério, tira isso e vem

Quando você parecia mentira

E o lugar parecia mentira

E a bebida parecia mentira, junto à vida

Eu só quis que seus amigos idiotas

Não estivessem lá

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

This is a .44 caliber love letter straight...

... from my heart.
Boa noite.

Todo castelo de cartas rui em algum momento. Cedo, ou tarde, a brisa chega.
Recomendo Alexisonfire e Frankenstein de Mary Shelley.
Até logo e boa sorte!

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

You don't respect the words you're speaking...

... gone too far!
Boa noite!

Porei um trecho de algo que já escrevi que meio que se encaixa ao hoje.

"[...]

Falseei um passo ao descer do ônibus, mal de uma das pernas, e entre os burburinhos e sorrisos ébrios eu notei uma paisagem ao fim de um breu no caminho: havia uma igreja, uma igreja católica nos arredores da praça. Erguiam-se grades de cor cinza ao seu redor e seus muros eram alvos como uma alma deveria ser. O movimento era estático, como se toda a fé houvesse sido perdida, e todo o momento se perdia numa foto que se descolava da retina seca de um cético entre outros que aceitavam que se abandonasse a graça ao longo das iniqüidades que a vida nos oferece e nos obriga a receber. No topo da igreja, entretanto, havia algo que era tão comum entre as igrejas, todas as igrejas, e mesmo assim chamava minha atenção: o sino e a arquitetura que lhe cobria. Por algum motivo, as paredes que guardavam a fé que o sino propagava com o som traziam-me a segurança de ser um eterno espectador, acima dos demais, longe de qualquer perigo, longe de qualquer contato, longe de qualquer um. Havia qualquer coisa de megalomania naquela aproximação profana de tornar deus um mundano, eu sabia disso. Gostava.

[...]

O erro do ser humano talvez fosse procurar pela fé no alto de uma torre, em um sino qualquer. Talvez o erro fosse mais grave, mas jamais o mais tolo e, portanto, mais humano. Acho que isso justifica qualquer erro, justifica qualquer fé."

Recomendo um livro, A Tempestade, de Shakespeare.
Até logo e boa sorte!